A agricultura brasileira

A agricultura brasileira é reconhecida como altamente competitiva e geradora de empregos, de riqueza, de alimentos, de fibras e de bioenergia para o Brasil e para outros países. É um dos setores que mais contribui para o crescimento do PIB nacional e que responde por 21% da soma de todas as riquezas produzidas, um quinto de todos os empregos e 43,2% das exportações brasileiras, chegando a US$ 96,7 bilhões em 2019 (Vendas..., 2020). Foi um dos poucos segmentos da economia brasileira que apresentou crescimento positivo. Internamente, o setor contribuiu para manter em declínio o preço real da cesta básica de alimentos.

Analisando o desempenho do setor ao longo das últimas 4 décadas, verifica-se que, de 1975 a 2019, a produção de grãos passou de 38,1 milhões de toneladas para 232,6 milhões de toneladas, equivalente a um aumento de 510% (IBGE, 2020). A produção de carnes passou de 2,9 milhões de toneladas para 27,9 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 858% nesse mesmo período (United States, 2020). O setor florestal aumentou sua produtividade em mais de 150%, com destaque para as espécies de Pinus e Eucalyptus. A cafeicultura aumentou em mais de quatro vezes a produtividade somente nos últimos 25 anos. A produção de leite aumentou significativamente, saindo de pouco mais de 14 bilhões de litros no início dos anos 1990 para quase 35 bilhões de litros em 2019 (IBGE, 2020). O aumento da produção permitiu abastecer regularmente o mercado interno, com queda de 41,49% no custo da cesta básica (dezembro/2019 em relação a dezembro/1975, na cidade de São Paulo) (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, 2020), e dinamizou as exportações, passando de US$ 20,6 bilhões em 2000 para US$ 96,9 bilhões em 2019 (Brasil, 2020). Dentre os fatores que foram fundamentais para o desempenho do setor, podem-se elencar os seguintes:

  1. disponibilidade de recursos naturais, principalmente terras planas;

  2. política governamental, notadamente crédito rural;

  3. agricultores competentes e empreendedores; e

  4. tecnologia agropecuária tropical e subtropical desenvolvida no País.

Estima-se que, para 2020, o valor bruto da produção será de aproximadamente R$ 740 bilhões, apresentando crescimento em torno de 12% em relação ao valor de 2019. Para 2030, modelos matemáticos projetam produção de grãos superior a 318 milhões de toneladas, o que significa um aumento de cerca de 68 milhões de toneladas a produção atual do Brasil. Nos próximos 10 anos, estima-se que a produção de carne bovina chegará a 12 milhões de toneladas e a de carne de frango a 19 milhões de toneladas, mesmo considerando situações de crises mundiais, como a presente pandemia de COVID-19 (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, 2020). Dados do Economic Research Service – United States Department of Agriculture (em tradução nossa, Serviço de Pesquisa Econômica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicam que a produção de alimentos no Brasil apresentará a maior taxa de crescimento entre os maiores produtores e consumidores de alimentos no mundo. O estudo americano indica ainda que a produção na Índia aumentará 48%; na Argentina, 44%; na Rússia, 34%; na Austrália, 22%, nos Estados Unidos, 12%; e na Ásia, apenas 11% (Zia et al., 2019).

O papel da agricultura no futuro ultrapassará substancialmente aquele tradicionalmente observado, exigindo esforço conjunto dos setores público e privado. De acordo com Lal (2007), a agricultura, além de ser causa, exercerá papel preponderante e crescente na solução de numerosos problemas ambientais, tais como a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, o enriquecimento da biodiversidade e o sequestro de carbono da atmosfera.

Além disso, devido à sua multifuncionalidade, a agricultura desempenhará um papel cada vez mais estratégico na economia brasileira em função das suas possibilidades de aplicação no fornecimento de serviços ambientais e ecossistêmicos; na produção de biomassa, biomateriais e química verde; na criação de biofábricas para a produção de insumos biológicos; na nutrição da população (nexo alimentos, nutrição e saúde); e no desenvolvimento de aspectos da cultura, da tradição, da gastronomia e do turismo de diferentes regiões brasileiras. Nesse contexto, a pesquisa agropecuária terá papel preponderante no sentido de ofertar tecnologias que assegurem a consolidação de sistemas agrícolas que terão de atender ao aumento da demanda por alimentos de alta qualidade, ao mesmo tempo em que terão de reduzir o uso de insumos principalmente químicos e adotar práticas que contribuam para a manutenção e, em alguns casos, o enriquecimento dos recursos naturais.

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