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Sistemas agroflorestais, melhoramento e conservação genética compõem as últimas atividades do Projeto de Cooperação Embrapa e Instituto Florestal da Etiópia

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Photo: Ananda Aguiar

Ananda Aguiar - Alunos do curso de conservação e melhoramento genético, acompanhados das pesquisadoras Ananda Aguiar (à esquerda) e Valderês de Sousa (centro)

Alunos do curso de conservação e melhoramento genético, acompanhados das pesquisadoras Ananda Aguiar (à esquerda) e Valderês de Sousa (centro)


Entre os dias 20 de maio e 5 de junho, os pesquisadores Marcelo Francia Arco-Verde, Ananda Virginia de Aguiar e Valderês Aparecida de Sousa, da Embrapa Florestas, estiveram em missão técnica na Etiópia, para participar do marco do projeto “Fortalecimento da capacidade técnica etíope na exploração e manejo sustentável de florestas”. Esse projeto é financiado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ligada ao Ministério das Relações Exteriores, responsável pela cooperação humanitária brasileira.

Os pesquisadores estiveram acompanhados pelos técnicos do ABC André Gustavo Perdigão Barros, Fernando Andrade e Daniel Martins Alves. O objetivo da missão, que completa sete anos, é o fortalecimento da capacidade técnica e operacional de pesquisadores etíopes no contexto do sistemas agroflorestais e melhoramento florestal. 

As atividades de cooperação técnica vêm sendo desenvolvidas no Ethiopia Forestry Development (EFD), em arredores de Addis Abeba, e nas florestas de Chilimo e Menagesha Suba. Nessa fase, 15 técnicos do instituto etíope participaram do treinamento em Melhoramento Genético Florestal e, na parte de Sistemas Agroflorestais, foram 12 participante do EFD.

De acordo com os pesquisadores da Embrapa, esta missão, assim como as outras que foram desenvolvidas na Etiópia com a contribuição da Embrapa Florestas, possibilitou despertar nos participantes o interesse em continuar os estudos em sistemas agroflorestais, conservação e melhoramento genético florestais, que poderão trazer melhorias significativas para a economia e qualidade de vida dos etíopes. A Etiópia é um país em que cerca de 80% da população sobrevive da agricultura, sendo todas as terras de propriedade do governo. No país há escassez de vários recursos, como água e madeira para diversos fins.

“A pobreza de lá é muito pior do que a que vemos no Brasil. Falta estrutura, mão de obra qualificada e recursos básicos como água, carvão e não há madeira disponível para cozer os alimentos. Tudo tem que ser plantado para se colher e utilizar para cozer os alimentos, e para alimentar os animais. Temos que encontrar uma forma de minimizar essa pobreza. Talvez não vejamos esta solução a curto prazo, mas não podemos nos conformar. Então, um trabalho como este da Embrapa pode contribuir muito para a melhoria das condições de vida daquele povo, a longo prazo”, aponta o pesquisador Marcelo Arco-Verde, responsável pela parte de treinamento de Sistemas Agroflorestais oferecido aos técnicos do EFD. 

 

Sistemas Agroflorestais
Nesta parte do curso oferecida aos técnicos etíopes, foi aplicada a metodologia do AmazonSaf, ferramenta que possibilita fazer a análise financeira de sistemas agroflorestais. Como estes lidam com diversos tipos de cultivos - café, ensete (falsa banana) e a acácia - na mesma área e praticamente ao mesmo tempo, o planejamento e a constante análise tornam-se fundamentais. Marcelo Arco-Verde, juntamente com os técnicos do instituto etíope, usaram como base as informações locais sobre as espécies mais utilizadas na região, os aspectos sociais, climáticos e logísticos (como a oferta de mão de obra, por exemplo). O sistema AmazonSaf gera coeficientes técnicos e indicadores para vários aspectos, mostrando um retrato da situação do produtor rural em aspectos sociais e ambientais, que podem auxiliar o produtor agroflorestal no aprimoramento e replanejamento da sua produção. 

“Eles entenderam a proposta, pois identificaram os problemas, depois de terem realizado toda a análise financeira e as possíveis soluções para esses problemas e, com isso, começaram a correlacionar aquele processo todo que foi avaliado com a realidade de cada um deles e de outras regiões do país”, afirma Arco-Verde.

Ao final da reunião de avaliação, foi estabelecida a existência de dois pontos focais que irão detalhar melhor o trabalho de planejamento para outras regiões, além da proposta de um plano integrado de trabalho no país. “Sugerimos algo mais profundo que é auxiliar na elaboração de um plano nacional de sistemas agroflorestais, com a organização de dados e ações. Acredito que se a gente insistir, esse projeto vai dar certo, sempre respeitando as demandas dos técnicos etíopes”, afirma o pesquisador.
 

Conservação e Melhoramento
As pesquisadoras Ananda Virgínia de Aguiar e Valderês Sousa coordenaram as atividades de seleção de matrizes para conservação e melhoramento genético. Segundo as pesquisadoras, na Etiópia, trabalhos nestas áreas do conhecimento ainda não foram iniciados, o que demanda um grande esforço de cooperação.

“O Brasil pode contribuir em muito com a experiência de muitas décadas que temos nesta área”, diz Valderês Sousa. Para o curso oferecido aos técnicos do EFD, as pesquisadoras da Embrapa Florestas, primeiramente, foram conhecer os materiais e espécies nativas e algumas exóticas existentes na região. Em seguida puderam repassar conceitos e os requisitos para se realizar um trabalho de conservação e melhoramento genéticos. 

“Lá existem plantios de Pinus radiata de quase 70 anos de idade, mas ainda sem informações adequadas sobre esses plantios, como origem, procedência e base genética, dentre outros. Mostramos como fazer a identificação de árvores matrizes para a coleta de sementes visando à conservação, pois possuem várias espécies nativas em perigo de extinção e não iniciaram esse trabalho tão importante para resguardar os recursos remanescentes”, conta Sousa. 

Segundo as pesquisadoras, a composição de bancos de germoplasma é um passo fundamental para a conservação e melhoramento genético em florestas naturais e plantadas. O BAG permitiria a conservação de populações bases de melhoramento e pomares de sementes visando atender às demandas de plantios comerciais na Etiópia. 

Além dos critérios de seleção de materiais, outros conceitos foram abordados no treinamento de melhoramento genético e ferramentas, como polinização controlada, seleção genômica, dentre outras, “imprescindíveis para o estabelecimento e avanço de programas de melhoramento naquele país. Durante a capacitação ficou claro que um aumento mínimo de produção de madeira dos plantios florestais poderá gerar um retorno muito significativo para o desenvolvimento econômico florestal da Etiópia”, afirma Ananda Aguiar.

“Projetos em conservação genética foram gerados pelos grupos considerando espécies nativas de interesse, bem como um projeto de melhoramento genético de Eucalyptus globulus”, conta Sousa. De acordo com as pesquisadoras, nas apresentações realizadas pelos grupos de técnicos, verificou-se a necessidades de novas capacitações em recursos genéticos para atender a demanda etíope, tanto para dar suporte à conservação genética para florestas naturais quanto plantadas.

“De maneira geral, tivemos um resultado positivo do treinamento, tendo sido dois técnicos que atuarão como pontos focais e que deverão prosseguir com os contatos e andamento dos trabalhos futuros conjuntamente. Também nesse tema foi sugerido um trabalho de âmbito nacional, e que será iniciado com um zoneamento para a aptidão das espécies de interesse deles (Modelos de Nichos). Ao final do curso, o grupo mostrou-se consciente dessa importância, uma vez que a integração entre técnicos de diferentes regiões, no momento, parece fraca e essa integração tornará os programas em recursos genéticos mais efetivos”, afirma Valderês de Sousa.

 

Manuela Bergamim (MTb 1951-ES)
Embrapa Florestas

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